COVA 312: 56 ANOS DO GOLPE MILITAR

março 31, 2020

No livro "Cova 312" a jornalista Daniela Arbex narra com muita emoção e singularidade uma época fria do país, a Ditadura Militar. A história contada dessa vez é a de Milton Soares, o guerrilheiro gaúcho vítima do regime.

Nos tempos de Brizola, Lamarca e Marighella, Milton foi mais um entre tantos outros que buscavam um Brasil vestido de democracia, impedido pelos militares. Esse caso é um dos exemplos que apontam ter sido a fase, rodeada de obstáculos, desenhando até hoje o cenário de quem segue o dever investigando os tempos mais sombrios do Brasil.

Após a luta contra o regime, seguida de prisão e tortura, o gaúcho chegou a óbito. A investigação da jornalista aponta a estranheza na morte de Milton, cujo fim haveria sido suicídio segundo as documentações. Através do trabalho árduo, Daniela trouxe à tona os verdadeiros fatos: o guerrilheiro teve a morte forjada para esconder a crueldade ilimitada dos ditadores do Brasil.

FOTO: HENRIQUE VIARD

Enquanto as fotos do corpo e o atestado de óbito apontavam a farsa, as novas investigações comprovavam os erros. Um dos peritos do caso declarou à jornalista sobre a classificação dos documentos: " Eu não concluiria como suicídio. Nunca. Nunca. Nunca." - na época, Luzmar Valentim não visitou o local.

Mas o que faz o livro carregar este nome é justamente o destino do corpo de Milton Soares depois do assassinato (considerado agora como enforcamento evidente). Depois de anos sem saber onde estava o corpo do militante, num misto de reações, a família tomou conhecimento que o parente foi enterrado na cova rasa, de numero 312, com mais 7 pessoas.
" Obrigado. Nós esperamos por 35 anos." - Edelson, irmão de Milton
A narrativa é carregada de detalhes magníficos, da vivência e resistência dos militantes e de como a comunicação entre eles fazia a força. Em celas divididas, homens e mulheres cantavam se complementando. Quando alguém ia embora cantavam Milton Nascimento desejando sorte ao companheiro. Por fim, o gesto mais bonito em meio aos hinos revolucionários: entoavam os nomes dos que estavam ausentes, seguidos da palavra "presente".
Hoje e sempre, a Ditadura não deve cair em esquecimento, mas deve ser lembrada para nunca mais ser repetida. MILTON e os companheiros lutaram por liberdade e como expressão de agradecimento devemos continuar a lutar.


" - MILTON SOARES DE CASTRO
- PRESENTE! " - Daniela Arbex em Cova 312 - a longa jornada de uma repórter para descobrir o destino de um guerrilheiro, derrubar uma farsa e mudar um capítulo da história do Brasil.

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