A OUTRA FACE DO VEGETARIANISMO, com Daniele Souza

outubro 06, 2019

IMAGEM:PINTEREST


Com o objetivo de desmistificar o movimento de Vegetarianos/Veganos, o Blog trouxe hoje a participação de uma ativista ambiental, apresentando dicas e possíveis reflexões sobre a temática. Em uma entrevista com Daniele Souza (19), estudante de Geografia da USP (Universidade de São Paulo), foram levantadas informações de extrema importância acerca do meio-ambiente, haja vista que o cenário vigente apresenta rotineiramente os impactos de ações humanas na natureza. - Segue a entrevista:

CÂMARA DE ECOS:  O que te fez se tornar vegetariana? Conte sua principal motivação e um fator que influenciou diretamente para que essa ideia não saísse da sua cabeça.
R: Primeiro, o contato com pessoas também vegetarianas, que sempre falavam sobre o assunto; em segundo lugar, o fato de estudar a disciplina de Geografia Agrária, que me fez pensar muito na terra enquanto instrumento de poder e como ela está concentrada na mão de poucos. Já em terceiro lugar, o carinho que eu tenho pelos animais, que me fez pensar duas vezes mais. Então foi um combo!


DANIELE SOUZA
CÂMARA DE ECOS: Aponte a maior dificuldade no processo de tornar-se vegetariana e como você conseguiu superá-la, ou como vem superando.
R: Minha maior dificuldade foi largar frango, abandonar coxinha e tal..., mas mais difícil mesmo foi incluir a substituição de proteínas; nos três primeiros meses que virei vegetariana, engordei 8kg, porque vivia à base de batata e queijo, e aos poucos fui conseguindo substituir isso dentro da minha rotina, nas minhas refeições. Mas isso pesquisando muito, tendo muita paciência, porque é um processo, não é assim: “ah virei vegetaria agora sei de tudo” – não, é um processo. – Afirma Daniele.

CÂMARA DE ECOS: No quesito “+ cultural”, houve no núcleo familiar discussões acerca disso? A exemplo, comentários do tipo: “Menina você vai comer o que? Os nutrientes, a proteína!!! Sua saúde”. Se sim, como foi essa parte?
R: Nossa, com certeza, houve de tudo: estranhamentos, questionamentos...
Acho que é mais pelo fato de ter uma família que costuma sempre fazer churrasco, na qual as refeições têm uma mistura e essa mistura obrigatoriamente tem que ser carne. Daí quando chega alguém dizendo que não vai comer, há um estranhamento porque é da cultura deles. Mas buscando entender a outra pessoa mais velha (que acha que você vai passar mal) através de muita conversa e paciência, dá certo. Tanto que hoje, eu tô conseguindo até levar algumas pessoas comigo!

PÔSTER DO DOCUMENTÁRIO COWSPIRACY - INDICAÇÃO DE DANIELE


CÂMARA DE ECOS: Para você, qual é o principal tabu quando falamos em Vegetarianismo, e como você desconstruiria isso? - 8/10 linhas
R: O primeiro é o de associar pessoas vegetarianas a uma pessoa saudável, porque tem esse preconceito de dizer que se elas não comem carne, comem o que? Mato? – diz Daniele – Então a galera acha que é uma dieta, mas não é bem assim...
Em segundo, o fato de as pessoas associarem Vegetarianos/Veganos como pessoas muito impositivas, donos da verdade. Existe realmente um grupo de Vegetarianos/Veganos assim, mas a maioria são pessoas muito empáticas, que buscam compreender a cultura e o cotidiano do outro antes de impor alguma coisa.  É muito difícil, porque o movimento acaba sendo visto como algo mais elitista do que preocupado com uma causa, sabe?!

CÂMARA DE ECOS: Se você pudesse adicionar algo àqueles que estão tentando introduzir-se nesse novo modo de vida, que palavras/dicas diria?
R: Acho que eu resumiria essa pergunta dizendo que é um processo; comer carne é uma cultura secular, não vai ser fácil e é normal falhar. Se em algum momento você se render à sua vontade, não abandone tudo. Tem gente que fica sei lá, 3 meses sem comer carne, quando consome larga tudo. Acho que entender que é um processo, ter paciência, pesquisar bastante e se integrar com pessoas da mesma causa ajuda demais.

CÂMARA DE ECOS: Por último, deixe suas considerações finais sobre a temática e se for do seu apreço, deixe alguma indicação cultural – filme, documentário, série, podcast, livro e etc.
R: Eu gostaria de deixar a sementinha na cabeça das pessoas quanto à cadeia de consumo, entender de onde vem o que elas consomem, seja alimento, roupa e etc. Entender de onde vem o alimento e o processo que ele passa antes de chegar à nossa mesa ajuda a perceber o impacto do nosso consumo. Obviamente, a gente não tem o controle sobre as indústrias gigantescas que realizam esses processos, mas temos o poder de escolha, o que é muito importante.
Além disso, só pedir para que as pessoas enxerguem os movimentos que tentam minimizar o impacto negativo que causamos na natureza, não com uma visão preconceituosa, mas com olhos de entendimento, porque não é algo egocêntrico, que preza a autossatisfação; os movimentos pensam no coletivo e pensar no coletivo social e natural é extremamente importante hoje em dia.

Considerações finais

Essa foi a entrevista de hoje. Espero que tenham gostado e que tenha despertado algumas reflexões. Deixo meus agradecimentos à entrevistada; é sempre um prazer receber pessoas abertas ao diálogo para avançarmos enquanto sociedade.
Obrigada Dani! #VAMOSJUNTX

Sigam ela nas redes sociais; a Dani tem um perfil no Instagram com dicas para quem está entrando nesse processo: 

SCREENSHOOT DO INSTAGRAM DA DANIELE



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